
Ultimamente venho observando o ser humano e suas atitudes nem tão humanas quanto. A sensação de observar pessoas vai do hilário ao deprimente, sobretudo a incapacidade de ser apenas um espectador de diversos shows de horror...
Há quem faça de um grão de feijão uma melancia
De um chuvisco uma tempestade com direito a trovões e falta de energia
De um sorriso uma cara feia
De um solitário um miserável
Da perda de uma amizade a descrença e a banalização de sentimentos verdadeiros
Da verdade uma puta duma mentira exagerada
Da falta de controle a uma agressão física
De um direito uma obrigação
O desejo torna-se obcessão
Faz-se da pitada de loucura que todos nós temos um verdadeiro caso de internação em pinel
Há quem ache mais fácil inverter o tabuleiro do jogo do que parar de jogar com dignidade
Há quem transforme uma tela branca em um Van Gogh
E do silêncio faz-se um Tchaykovski
E das palavras ao acaso um Saramago
Da falta de pontuação vem a interpretação errada
Da surdo o que lhe convém ouvir
E de todos os outros o que apenas lhe convém ser, falar, fingir, sustentar, ignorar...
E com todas as observações a única certeza que tenho, hoje em dia, que é mais fácil bancar algo que não é do que não ser nada, simplesmente nada. Entre uma página em branco por que não uma ficção mirabolante? E eu digo: não invente. Se construa, tijolo por tijolo (...num desenho sólido).