Medo era o que sentia deitada no escuro, olhando fixamente as pás do ventilador de teto, tentando ocupar minha mente com nada, com o vazio. Pela primeira vez pensei em todas as opções e possibilidades de levar aquilo adiante, de fato eu não seria a primeira, mas a atitude não seria nada racional e não gosto de fugir da minha racionalidade, agir por emoção não dá.
Queria poder ser forte, ter coragem de assumir mais um deslize, encarar a sociedade de frente, sem vergonha. Mas não era isso que eu sentia, pedi perdão. Pensei em como seria... um rosto, uma personalidade, eu era uma assassina. Ré confessa da minha atitude inconsequente. Mas definitivamente, eu não poderia levar aquilo adiante.
A dor física foi insuportável, merecidamente, queria que me rasgasse, eu suplicava para que aquilo passasse logo, mas a demora, as fisgadas, o suor frio, o vomito... tudo era muito merecido, era o minimo que eu podia sentir por ser tão cruel, tão má.
Mas nem de longe a dor física chega perto da dor emocional, perder o não tivemos dói muito. É estranho explicar, é estranho pensar nisso.
Meu coração foi reduzido a uma coisa minuscula, meus sentimentos estão confusos... é tristeza, um pouco de raiva, de dor. Nunca mais serei a mesma, carregarrei sempre essas cicatrizes na alma, bem no meu intimo; fantasiando sempre algo que eu não quis assumir, algo que eu quis aniquilar.
Foi por minha culpa.