segunda-feira, 29 de abril de 2013

Eu aposto meu coração!

Sinto que jogaram nossos sentimentos numa roda
Tipo um jogo
E as coisas ficaram inversas
E o que você sente por ela
É o que eu sinto por você
E é o que ele sente por mim
Mas não é nada o que um sinta pelo o outro
E o outro seja capaz de retribuir

Jogaram os dados ao acaso
Que trabalhou mal, distribuindo erroneamente as cartas
Nos dando azar nesse jogo
E sinto que já não tenho mais nada a perder
Recolho os dados
Jogo minhas cartas sem sentido na mesa
E confesso que me sinto viciada nesse jogo

E sempre prometo que a próxima partida será a última
O que nunca funciona
Porque eu espero fervorosamente que uma hora os dados parem na casa certa
E te acerte
Mas eu sempre jogo mal esse jogo
Sempre jogo com convicção de que irei ganhar em algum momento
Mas sempre estou errada
Fazendo as apostas altas, nos números errados
Desejando quebrar a banca
Só quebro a cara, o copo, o coração.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Au revoir...


E quando você for partir novamente, me leve junto
Mas não parta meu coração
Porque eu não suporto mais ficar com todas as recordações
Eu sempre soube que em uma história de amor sempre há uma parte que ama mais
Mas nunca achei justo que a parte que mais dedica amor
Fosse a que mais sofresse
Uma parte só, carrega o amor e a dor
Uma parte só, fica com as recordações
E nesse exato momento você pousa tranquilamente sobre seu travesseiro
E não há nenhuma lembrança minha martelando sua cabeça
E eu aqui, insone, pensando mais uma vez em você
E eu juro, que posso te sentir
Se eu fechar bem os olhos e esticar um pouco as mãos... consigo te tocar.
E não preciso fazer muito esforço pra ouvir sua voz
Seu sotaque arrastado, pertubando meu sono
Você invadiu meu território imaculado
Manchando para sempre meu santuário
E com a mesma velocidade que você chegou, você se foi.
E não é justo que eu fique com todo amor e toda dor
Arrastando sozinha esse peso
E junto com sua estada você deveria ter me deixado uma borracha 
Algum remédio anti-memórias
Porque não suporto mais seu cheiro suspenso no ar
Como uma afronta ao meu luto
E todos os lugares que passamos juntos permaneceram aqui
Você se foi e deixou tudo
E todas as partes do seu corpo memorizadas na minha cabeça
Tão bem fotografadas mentalmente que posso te tocar sempre que quero
Me magoando cada vez mais
E eu fujo para onde?
E tudo o que comemos juntos e planejamos juntos
Todos os sonhos que sonhamos juntos
E todas as brigas bobas que nos trouxeram reconciliações tão doces...
E todos os filmes
E músicas
E seu nome 
E sua camiseta que eu ainda visto, numa tentativa desesperada de ter seu corpo colado ao meu
Nem que seja por instante
Nem que seja somente na memória
E eu passo dias sendo forte
Resistindo à sua imagem bem feita na minha cabeça
E quando eu penso...
Lá está você de volta, trazendo à tona tudo o que eu quero esquecer
E não é justo
Que um ame mais
Que um sofra mais
Não é justo que um vá embora deixando para trás a bagagem emocional que deveria carregar junto com sua partida
Jamais desejei que você se fosse.
Mas se não posso te impedir, que ao menos carregue a dor que me causou
Porque já me basta o amor que carrego por nós dois!

domingo, 14 de abril de 2013

Demônios

Caminhando sozinha na rua, numa noite de outono chuvosa, só desejando estar deitada na minha cama, assistindo um filme down.
Concluo que preciso beber, preciso ver gente, preciso rir.
Parte de mim é depressão e desejo de ficar sozinha, a outra parte é alcoólatra e necessita de bebida-festa-pessoas-.
Essas partes brigam entre si o tempo todo e o que eu faço? Sigo a voz que gritar mais alto dentro de mim.
Parei em frente a festa, pessoas bonitas, alegres, bem dispostas.
Não.
A outra parte tinha razão: eu precisava da minha cama. Eu precisava de reclusão.
Fiquei parada debaixo de uma marquise, tentando fugir da chuva, em vão, pois a chuva parecia cinematográfica, vindo de várias partes, molhando tudo aleatoriamente, numa fúria que só a natureza consegue ter.
Não podia decepcionar meus amigos, eu devia me esforçar e ficar na festa.
Mas era isso o que estava fazendo o tempo todo: me esforçando pra agradar meus amigos.
E como fica minha vontade? Na verdade, minha necessidade de estar sozinha, como ficaria?
Eu não podia me anular para agradar os outros.
Mas seria só aquela noite...
Não, não seria aquela noite.
A chuva indo e vindo loucamente.
Os minutos se arrastando.
E eu só queria fechar os olhos e aparecer deitada na minha cama. O poder do teletransporte...o que eu sempre mais almejei.
Mas a vida era dura.
Fiz sinal pro primeiro ônibus que passou, numa ânsia desesperada de sair daquele lugar, de parar de sentir aquelas rajadas de vento e chuva a me castigar.
O ônibus estava vazio. Quente. Acolhedor.
Um bom lugar para chorar.
Ops.
Eu não deveria chorar assim, eu não deveria chorar ali. Viu, era melhor ter ficado na festa.
E qual o problema em chorar?
Demônios em guerra dentro de mim.
Lutando vorazmente para ver quem consegue a maior parte.
Uma disputa insana e acirrada dentro de mim, abrindo feridas com seus canhões carregados de sentimentos e desejos.
E sempre ganha quem fala mais alto.
E sempre ganha quem está em sintonia com meu corpo, com meu desejo, com meu coração, com a minha mente.
Sempre ganha quem eu quero que ganhe.

domingo, 7 de abril de 2013

Sem controle

A dor é tamanha que já ganhou forma física
E geralmente me faz companhia
Quando estou numa fase de euforia
Chego a sentir falta da minha dor
E me sinto na obrigação de voltar a curti-la em meu interior
E quando vejo todo mundo feliz e sorridente ao meu lado
Tenho isso como afronta
Porque dentro de mim mora um sentimento exacerbado
Que eu sufoco com um sorriso falso
Mas do lado de dentro
Reina a ânsia de te ter ao meu lado
E quando você, de fato, está ao meu lado
Ele grita e esperneia:
'É dele que preciso, não o perca de vista'
Só que o sentimento não entende
Que não somos capazes de governar pessoas
E se você quiser partir...
Só me resta lhe dar adeus e esperar ansiosamente seu regresso
E o sentimento me sufoca lentamente
Como se na real eu fosse a incapaz de ter sempre ao meu lado
E não adianta eu explicar ao burro do sentimento
Que é você quem me rejeita e  não está, por mim, apaixonado
E nesse conflito do meu eu apático e meu sentimento mimado
Eu perco o sono
Eu perco a fome
Eu perco o humor e os amigos
E só me resta sofrer enclausurada
Para que o sentimento não controle meu corpo
E me atire aos seus braços.