sexta-feira, 30 de maio de 2008

Herança genética maldita: a família


Leila é a primeira a se levantar e a última a se deitar.
Ela que acorda antes do sol raiar para esquentar a água do banho dos irmãos que irão trabalhar, ela que forra uma toalha no chão para servir o café da manhã regado à chá quente e ela é a última a se sentar para tomar café. Na verdade, Leila só consegue tomar café quando todos os irmãos já se foram, ela come o que sobra...se sobrar algo, é claro.


Ela é a última a dormir pois depois de servido o jantar é Leila quem recolhe os pratos, é Leila quem lava todas as panelas e é Leila que fica acordada, enquanto todos dormem, para fazer a marmita dos irmãos.
Leila lava, passa, varre, cozinha. Leila só tem roupas velhas e dorme num tapete carcomido e fétido. Leila quer dar aulas de Inglês mas não pode, os irmãos não permitem.
Além de escravizarem Leila descaradamente e a proibirem de trabalhar, Leila é insultada por todos os membros de sua família, os irmãos só a tratam com grosseiria e nunca reconhecem um grão de arroz que cozinha, para eles nada está bom e Leila não tem utilidade alguma.
Leila cozinha, passa, lava, arruma, cuida, e é maltratada por mais ou menos 13 membros que residem em "sua" casa. Leila sempre tem de falar as coisas mais de duas vezes para que alguém possa escutar, na verdade ninguém escuta, mas ela fica mais aliviada em falar mais de uma vez, a sensação é de que alguém a ouviu. Quando alguém está com raiva...sobra pra Leila; se a comida está sem sal...Leila; uma blusa manchada...Leila; o estresse com outro alguém descontado na...Leila.
Nenhuma das mulheres ajudam Leila nas tarefas domésticas.
O único sonho de Leila além de lecionar Inglês?
Casar-se com um homem que não possua uma família grande para que ela não seja escravizada novamente.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Escamas



Amortecendo o brilho à retulgente escama,
Um grande peixe vaga entre a enlaçada rama;
Da água as ondas, em torno, indolente desfalda.

domingo, 25 de maio de 2008

A caiapó

Estou com um ódio mortal dos índios.
Se eu fosse Deus eu aboliria eles da terra, sim, pode parecer absurdo (a idéia de abolir índios e a idéia de querer ser Deus), mas absurdo mesmo é uma cultura inútil de pessoas preguiçosas que não movem uma palha pra mudar a situação atual do país e como se não bastassem viverem em uma cultura tacanha, enfurnados na mata fazendo filhos sem parar e não pagarem impostos mas acharem que têm direito as coisas que as pessoas que pagam impostos têm; eles ainda atacam os outros com facões nojentos e enferrujados.
Fracamente... é patético.
Não concordam com a palestra de determinado "cara branca" e o atacam com facões enferrujados?! As coisas seriam bem sangrentas se todas as palestras, conversas, aulas, etc. onde uma pessoa não concorda com determinado ponto discutido empunhasse um facão enferrujado, não!?
Ah, mas talvez eles não sejam pessoas e sim alguns sobreviventes ícones dessa nossa famigerada cultura... Eles podem entrar armados onde forem porque faz parte da cultura deles, interessante isso. Podem agredir, perfurrar, estuprar, esquartejar, esfolar e até matar sem que sejam punidos por seus atos, afinal, eles não sabem o que estão fazendo.
Eu tenho uma lista de pessoas que gostaria de matar sem manchar minhas mãos de sangue...alguém sabe onde posso encontrar um índio que faça o serviço?! Afinal, ele não será preso e não haverá muitas complicações. Ou eu poderia me tornar uma nativa e fazer a minha "sangrenta justiça" com minhas próprias mãos, onde me inscrevo? Basta mandar um e-mail pra funai?! Ah...índios não mandam e-mail, talvez sinal de fumaça resolva.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Trapo


"Educação ou medo? Qualquer luta é brutal, primitiva, estúpida. O mundo estaria salvo se todos fossem delicados no trato, gentis na conversa, predispostos ao acerto - vivo num universo imaginário."


"Detesto falar a sério na cozinha. Cozinha é lugar de conversa fiada."


"Que diabos tenho a ver com Trapo? Que diabos tenho eu a ver com qualquer coisa que não seja eu mesmo?"


" - Você, Izolda, por exemplo: se mataria?
- Nunca! Prefiro morrer a me matar!"

"O fichário mental recomeçou o trabalho, juntando cacos, na tarefa difícil de dar realidade à vida (e à morte) de Trapo. Imediatamente o computador despacha o tipo provável de namorada: baixinha, magra, cabelos desalinhados, calça de brim, rosto sem pintura, chicletes permanentemente na boca, sem postura, gíria, palavrões, amigos avulsos, espinhas, filmes de arte que não entende, carona de motocicleta. Rosana. Sinto um profundo desprezo pela juventude. Jovens estúpidos, macacos de vitrine, analfabetos. Suicidas. Fico satisfeito, o computador faz sentido."


"Izolda tem razão: falta vida na minha vida."

quinta-feira, 8 de maio de 2008

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O meu amor cheio de cólera

Hoje vou contar a história.

"Fermina Daza e Florentino Ariza se conheceram de maneira inesperada, num momento em que Fermina não acreditava mais em amor...
Aos poucos eles foram se aproximando, ele cercava ela de todos os lados, falava coisas por olhares que diziam muito mais que mil palavras ditas em bom e alto som e deixava isso claro a todos que quisessem saber seu interesse por ela.
Ela se sentia cada dia mais feliz, mas conforme sua dureza habitual ela não se permitia assumir que a felicidade que sentia era fruto da sua proximidade com o Florentino.
Os dias voavam mas eles não notavam isso... Chegou num ponto em que era impossível esconder qualquer coisa, tudo os denunciava, as palavras ditas e não ditas, os olhares insinuados, os toques de mãos furtivos, os sorrisos contidos... Tudo estava explicito demais e não havia mais como fugir do sentimento que os dominava.
Resolveram se entregar de corpo e alma um ao outro, mergulhar de vez nessa paixão furiosa que os dominava. Trocaram mil juras de amor eterno, dormiam de mãos dadas, conversavam noites a fio até o dia clarear, trocavam beijos ardentes. Tudo indicava que eles se casariam, ficariam juntos até o fim de suas vidas e que aquele era o amor puro, da raiz, com toda sua força e formosura... Mas havia algo errado e ninguém sabia o que era, nem mesmo eles.
Apesar da paixão fumegante que os dominava e do desejo infindo que eles tinham de estar juntos...algumas diferençar começaram a brotar e eles não sabiam resolver essas diferenças. Ou havia discussão ou havia silêncio e isso foi distanciando eles cada vez mais, até que um dia tudo acabou do modo como começou: inesperadamente.
Em Florentino o ódio floresceu e tomou o lugar do amor. Ele passou a detestar Fermina com todas as forças, seu ódio era tão forte que ele decidiu ir embora. Foi embora sem olhar pra trás, sem pensar no amor que um dia os unira e que os consumira e que deu a ele os dias mais felizes de toda sua vida triste e solitária. Florentino não mediu nada, afinal o ódio movia ele.
Fermina por sua vez se abateu de uma tal maneira que chegou a pensar em desistir da vida. Quis parar de respirar, pensou que nunca mais conseguiria sorrir... Apenas pensou.
O tempo passou e a ferida com muito custo secou em seu coração. Ela exibia um desprezo terrível por Florentino e sua insensibilidade, mas por dentro ainda lhe restava uma pequena chama daquele amor fugaz.
Fermina se proibiu pensar em Florentino e seguiu sua vida. Os anos se passaram e ela encontrou um novo amor. Enquanto Florentino há muitas léguas de distância dela ia levando sua vida mesquinha de homem, da qual decidiu radicalizar tudo e se envolver com várias mulheres. Experimentou de tudo até perceber que aquilo não era o que ele procurava, por mais que ele estivesse junto de várias pessoas ele continuava se sentindo só e não havia quem conseguisse preencher aquele vazio do modo que Fermina o preenchera.
Mas ele era covarde demais para assumir isso e ir atrás dela, além do mais Fermina estava bem casada agora, tinha seus filhos e ele jamais se exporia dessa maneira.
E foi desse modo que os anos transcorreram vagarosamente pra um e atroz pra outro.
Fermina levando sua vida de mãe de família com o fantasma do Florentino em sua vaga memória já velha e Florentino levando sua vida libertina aos braços de várias mulheres, com a figura cálida de Fermina em seu coração que ainda batia rapidamente, apesar de já estar velho e cansado.
Assim se passaram mais de 50 anos... Até que o bom esposo de Fermina faleceu e Florentino sentiu que aquela era sua verdadeira chance de reviver um amor sem igual.
Não pensou duas vezes ao reaparecer na vida da viúva Fermina. Apesar de velha os olhos eram o mesmo e sua expressão séria ainda pairava sobre aquele envelhecido belo rosto.
Fermina se recusava a ter qualquer contato com Florentino. Pois a mágoa do abandono ainda a rondava e aquilo era demais para o seu orgulho. Mas..."


Não sei mais.