quinta-feira, 31 de julho de 2008

Postcards and letters!





















































































































Depois da greve vem a bonança... Após dias intermináveis sem receber um bilhete sequer, eis que minhas coisas voltar a chegar! Postais dos Estados Unidos, Finlândia, São Paulo, Itália, Dinamarca... e cartas deliciosas! E os selos...nem se fala!



E pessoas se arriscando na Arte Postal, como a Ana Cris, uma fofura. E não há o que temer, um risco colorido já é Arte, por que não?!



Obrigada a todos! Amei ;)

terça-feira, 29 de julho de 2008

Conto um conto



Não lembro como Trista apareceu, nem como se tornou tão indispensável para mim. Pode parecer estupidez de minha parte falar de Trista como se essa não passasse de um simplório objeto, mas tenham certeza, ela era bem mais que isso.
Trista surgiu do nada e eu nem quis saber de onde, o que importava para mim era que ela não fosse embora. Nunca mais. Mas não foi bem assim que nossa história terminou. Mas vou lhes contar do começo.
Lembro do primeiro dia que vi Trista, num sarau em minha casa. Ela era pálida, muda, estranha... Não fosse isso ela seria menos notada ainda. Percebi logo sua timidez, era berrante. Quis a todo custo deixá-la por dentro das conversações, mas Trista se mantinha naquele estado apático. O que fora fazer ali então?
Dei de ombros. A minha curiosidade sobre Trista era tão grande que essas coisas bizarras eu deixava de lado.
Trista se tornou uma figura constante em meu círculo de amizade. Eu sentia um asco gigante por todos que não percebiam Trista. Como era possível uma figura daquelas não ser notada? E por que ninguém chamava Trista para conversar? E por que não havia nenhum ser incoveniente para insultar sua timidez visível? E quanto mais esses questionamentos brotavam em minha mente, mais eu me interessava em Trista. Eu queria saber tudo sobre ela, questionava, questionava, questionava...e quanto mais de ombros ela dava, como se não pudesse emitir um som, mais curiosa eu ficava.
Trista me acompanhava em todos os lugares, inclusive no shopping. Era lindo o modo com que Trista deslizava pelo chão, sem esbarrar em ninguém, ainda mais naquela multidão afoita pelo consumo exacerbado. Parecia que eu caminhava sozinha e quando olhava para o lado, lá estava Trista. Pálida, muda, estranha...apática.
Quando eu pedia opinião sobre algo a resposta era prevísivel: um dar de ombros exasperado. Conclui que Trista podia falar e não falava pois não havia necessidade, para que esboçar som quando não se tem uma opinião formada que seja válida? Trista estava certa. O silêncio dela não era timidez, era sabedoria. Mas conclui também que Trista era grosseira demais para dizer se um livro prestava ou não e ao mesmo tempo, educada para dar sua opinião. Perante essa dúvida: o silêncio tristal.
Apesar desse nome sugestivo, Trista não era nem um pouco triste. Eu gostava daquele sorriso pálido e débil, era tão sincero. E sua companhia era muito mais prazerosa. Ao menos Trista não me enchia com Filosofia vã e barata, nem com teses estúpidas sobre a vida, o amor, o dinheiro ou coisa que valha, como todas as outras pessoas que eu conhecia faziam.
Poderia ficar o dia inteiro escrevendo textos sobre Trista sem cansar, mas não quero cansar o leitor com minha divagações e observações sobre alguém que jamais verão.
Um dia Trista falou. Disse-me que eu precisava saber de algo... Fiquei aflita. O que seria? A voz de Trista era tão melodiosa, era uma pena que ela se limitasse a dizer o necessário, o que a tornava muda em maior parte do tempo. Então decidiu me dizer o que tanto me tinha perturbado, pois sabemos como é a curiosidade feminina: um bicho feroz. Afinal, não existia mistério em Trista.
Era uma quinta-feira cinzenta, eu ainda me encontrava de pijamas quando Trista bateu a porta com aquela sua cara pálida, estranha. Ela olhou para mim com tanta ternura que me senti constrangida, mas não durou muito esse silêncio seguido de constrangimento, definitivamente o mistério não fazia parte de Trista, então tudo que ouvi dela foi:
- Eu não existo. Sou apenas uma extenção de você.
Deu o sorriso mais pálido e acanhado que já vi. Coçou a testa, virou as costas e foi-se embora, sem ao menos olhar para trás.
E lá estava eu, de pé na porta, com aqueles trajes, sentindo frio e tremendo de angústia. Me peguei assim, como Trista, pálida, muda...

sábado, 26 de julho de 2008

Crime "organizado"

Eu estava no colégio, a sala de aula era enorme...estava uma confusão danada, a professora de História não conseguia dar aula de tão alto que era o falatório dos alunos. Então, um cara me mordeu na perna, doeu, sangrou, fui reclamar com a Ritinha, a coordenadora do 1º ano e só ouvi:
"- Olha que mensagem estranha que você recebeu, Mari!"
Que estranho ela me dizer aquilo, eu nem tinha mensagem alguma ou agora mordidas era um meio de comunicação entre homens e mulheres? Definitivamente aquela fala não se encaixava no meu sonho...abri os olhos e lá estava minha mãe, parada no pé da minha cama com meu celular na mão.
"Deve ser mensagem de algum colega dizendo que me ama só pra me sacanear..." pensei. E puxei o celular da mão dela. E lá estava escrito:
"WEB>GUGU SBT> INF: SEU APARELHO MOVEL FOI CONTEMPLADO COM UM CITROEN C4 + 4 MIL REAIS. INF:LIG GRATIS SEU FIXO P/ 02185... SENHA 2530."
Eu ri. Era engraçado minha mãe acreditar naquilo...resolvi ligar. E vem logo aquela voz histérica:

-SBT, Bom dia. Em que posso ajudá-la?
Nossa, como a máfia está organizada... ; pensei.
- Bom dia, é que recebi uma mensagem dizendo...
- Ah sim, me informe o DDD do seu celular e o número!"
Frenético esse presidiário. Um barulho do cão, também, numa cela onde cabem 10 eles colocam 40, mas os colegas de cela poderiam fazer silêncio, sei lá...talvez não fizessem parte da máfia, por isso não cooperavam.
- 21...92..
- Rio de Janeiro, né?
- Isso.
- É da claro, senhora, seu celular?
"Senhora...era só o que faltava! hahahaha"
- Sim...é sim.
- Pré pago ou pós pago?
Estava ficando divertido!
- Pré pago...[nem lembrava a diferença...]
- A senhora costuma colocar quanto de crédito?
- 10,15 reais...(nada que seja significativo para sua máfia, pensei)
- TÁ FELIZ, TÁ CONTENTE???
De onde ele tirou isso!?
- O quê?! [a ligação estava péssima]
- TÁ FELIZ, TÁ CONTENTE?!??!?!?
- Tô...
- Senhora, vou lhe passar para outro setor, ok?
"kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, era hilário...outro setor! Que organização..."
- Ok.
- Olá, senhora, meu nome é Marcelo Marrone...
Marrone?
Estragou tudo...coisa sertaneja? Tô fora. A diversão acabou, cansei de ouvir presidiários se contendo para não soltar um "Tá ligado, irmã?" ou coisa que valha. A qualquer momento eles ligam falando que me sequestraram e que querem 50 cartões de recarga no valor de 50 reais de tal operadora...ô mafiazinha!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Livros




"O mais notável, porém, era que eles ficavam felizes nos Estados Unidos. Meninos que tinha sido magros como um lápis, melancólicos, deprimidos, calados e tímidos tornavam-se confiantes, fortes, tagarelas e felizes. Como é que um país podia modificar a personalidade inerente a uma pessoa?, intrigou-se Tehmina. Essa história de Constituição deles, da qual costumávamos zombar na Índia - a busca da felicidade, ou coisa assim - , talvez a iclusão de uma idéia tão absurda na Constituição realmente fizesse alguma coisa pelas pessoas. Quem sabe lhes dava a liberdade de achar que elas eram dignas da felicidade, que serem felizes era algo pelo qual não tinham que pedir desculpas nem se sentir culpadas. Tehmina lembrou-se de todos os limites rigorosos impostos por sua mãe: a mulher não devia se olhar no espelho, para que os outros não a julgassem fútil; nunca devia reclamar de nada em sua vida, porque havia milhões de pessoas em pior situação; devia cobrir a boca ao rir, porque, de outro modo, os homens a considerariam promíscua; devia contentar-se com o que Deus lhe desse, porque esse era o seu destino; nunca devia comer na rua, para não despertar a atenção e a inveja dos famintos a seu redor; nunca devia gabar-se de ter dinheiro, para não provocar inveja nos vizinhos. Graças à postura generosa e aos horizontes largos de Rustom, ela mesma se afastara e muitas desses crenças. Mesmo assim, era verdade: nunca se sentira tão livre em Bombaim como se sentia naquele outro continente. O simples ato de tomar um sorvete de casquinha na rua, sem ser seguida pelos olhos esfaimados de uma centena de crianças, era uma liberdade, um luxo que ela nunca havia experimentado nas ruas de Bombaim. Nos Estados Unidos, ela nunca se sentira olhada com cobiça por rapazes sedentos de sexo, não ficava constrangida com seus seios, não vivia aflitivamente cônscia de seu corpo de mulher, não andava com a postura tensa e resguardada que lhe era costumeira em sua terra. E, embora isso fosse difícil, vinha se obrigando a se olhar no espelho, ao correr a mão pelo cabelo num banheiro público. Admirava-se com o modo como as norte-americanas passavam longos minutos se olhando no espelho, arrumando o cabelo, passando a maquiagem. Uma vez, num banheiro pública de Hunan Village, ela até vira uma moça jogar um beijinho para sua própria imagem refletida. Obviamente, a mãe dela não a havia alertado para os pecados da vaidade e do orgulho!"


"Uma das poucas coisas e, talvez, a única que eu soubesse ao certo era esta: que me chamava Mattia Pascal. E dela me aproveitava. Todas as vezes que algum dos meus amigos ou conhecidos dava provas de ter perdido o juízo, a ponto de vir ter comigo em busca de conselhos ou sugestões, eu encolhia os ombros e respondia:


- Eu me chamo Mattia Pascal."


[marcador de páginas by Tamar]

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Anima Mundi 2008


Quando fui há uns 2 anos atrás as animações eram mais divertidas, mais coloridas e sem alguma causa humanitária...e hoje em dia o Anima Mundi se tornou um portal para animadores do mundo todo nos lembrarem do aquecimento global, da poluição, da violência e os brasileiros, como sempre, só para mostrar um Brasil sem cultura, que só tem mulheres com bunda grande, quadril largo e seios fartos...e no fim? A habitual sacanagem! (sem generalizar...rs)

Não que eu não queira saber das causas mundiais...afinal, o mundo também é "meu"! Mas sei lá...um pouco de cor e mais humor não faz mal a ninguém!


As animações foram tão enfadonhas que só me lembro bem da Plastic People da República Tcheca, foi a 3ª animação de um circuito com 7! Pelo nome eu já sabia que seria boa...(me lembrou Radiohead, sei lá...Fake plastic Trees, eu acho!) e não estava enganada! A animação retrata o universo feminino onde a beleza e o poder das plásticas estão acima de tudo! A procura da plástica era tão grande que a maca foi substituída por esteiras e o médico por máquinas (me lembrou Tempos Modernos, do Chaplin).

No fim das contas...todo mundo fica igual fisicamente, a única coisa que não muda são os hábitos.

Mas valeu à pena!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Repostagem da readaptação


"Minha terra tem favelas,
Onde os tiros não param de zunir;
Os fuzis que aqui fuzilam,
Não fuzilam como ali.
Nossos morros têm mais casas,
Nosso IML mais indigentes,
Nossa Febem mais meninos,
Nosso dia-a-dia mais mortes.

Em cismas, sozinhos, à noite,
Não podemos passear;
Minha terra tem mais armas,
Que podem me matar.

Minha terra tem horrores,
Que tais não encontro eu lá;
Em cismar- sozinho, à noite
Não posso passear
Minha terra tem armas;
Que podem me matar.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu vá viajar;
Sem que eu conheça os sons
Que as metralhadoras não sabem cantar,
Que eu tenha o óbito
Longe do temido fuzilar."


Uma "homenagem" ao Rio de Janeiro, pela paz que não existe e que todos querem ter, pelas inúmeras passeatas com pessoas vestidas de branco gritando "justiça!", pelos PM's que estão todos os dias estampados nas manchetes de jornais, seja por fuzilar um carro e matar uma criança de 3 anos, seja por um sargento estuprar sua filha de 3 anos ou pelo simples fato deles existirem, como monstros que são... Uma taça de sangue seja erguida em homenagem a eles. Bichos fardados!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Limonada

Essa noite eu tive um sonho. Eu estava num teatro. Havia somente três pessoas no palco e somente eu na platéia. No palco, dois homens e uma mulher estranha... E a história que se embolava cada vez mais, conforme o tempo passava! Eu ficava ali, querendo entender, tentando entender; mas sem entender.
O tema de fundo era bem corriqueiro: um homem que ama uma mulher que ama outro homem que não ama ninguém além dele mesmo. Mas havia algo mais, uma essência diferente, uma complexidade densa da qual eu não entendia, por mais que tentasse, por mais de perto que assistia as cenas, por mais atenção que desse as falas, por mais mais que fosse, era impossível decifrar.
Não entrava na minha cabeça aquela mulher tão estranha. Quem a formou assim? Quem planejou suas falas? Quem arquitetou seus planos? Quem? Por que ela era tão fria, tão insensível, tão má...?
E aquele homem...tão submisso, tão apaixonado, tão apagado, tão maltratado, tão...
E aquele outro apático, sem apegos.

?

Qual era a ligação deles se não o amor não correspondido ou a falta de amor?

Era tudo muito simples, mas tudo tão estranho e diferente.
Decidi ir embora do teatro.
Quando estava de saída olhei para trás, para ver pela última vez aqueles três estranhos...vi apenas um copo de suco de limão. Limão, gelo e açúcar.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Juno


Há tempos que não assistia um filme tão sútil e desapegado. É impressionante como a história vai se desenrolando em torno de uma gravidez que não sensibiliza o espectador, culpa da Juno, que trata isso de forma tão comica e estranha que no fim das contas é notável que o final do filme foi a coisa mais sensata.


O fato dela ser uma adolescente atípica também influi muito no humor do filme. O jeito dela descrever o The Carpenters foi ótimo:

"Ah, sei quem é sim...uma baterista e um cara estranho, The Carpenters..."


O que eles economizaram em dinheiro para produzir o filme, eles não pouparam em sarcasmo, humor e inteligência. O resultado? Vá assistir, oras.