domingo, 28 de setembro de 2008

A vida por trás das lentes




"Algumas pessoas parecem estar sempre em cima de um palco. Não conversam: dão discurso. Não relaxam o corpo, estão sempre em riste. O volume da voz é mais alto do que o normal, para que sejam ouvidas por quem está lá atrás. Quando perguntadas sobre algum assunto, dão a impressão de que estão respondendo a uma entrvista, e não entabulando uma conversa informal. Elas não vivem: atuam. Fico me perguntando: quando é que tiram férias do personagem? Será que choram, às vezes? Em que momento cerram as cortinas desse espetáculo diário? Talvez apaguem a luz.

Lembrei-me dessas pessoas quando assisti ao excelente documentário sobre a fotógrafa Annie Leibovitz, da qual também tive o privilégio de, recentemente, ver uma exposição que reúne um acervo que cobre todas as etapas da sua carreira. Nos anos 80, ela foi a principal fotógrafa da revista 'Rolling Stone', fazendo retratos que entraram para a História, como a pose de John Lennon, nu, abraçado ao corpo de Yoko Ono, justo na manhã do dia em que seria assassinado. Depois disso, Annie seguiu ganhando projeção, trabalhando para a prestigiada 'Vanity Fair'. É considerada uma das maiores retratistas de celebridades do final do século XX e início deste, além de ter feito inúmeros registros de sua família e de sua companheira de muitos anos, a escritora Susan Sontag, já falecida.

Annie não tem nada contra produzir uma foto, pelo contrário. Adora um cenário, e quando mais surreal, melhor. Com o tempo tornou-se uma espécie de Salvador Dalí da fotografia. Reúne elefantes, banda de música, ninfas, guindastes, aviões e camelos para fazer uma única foto de George Clooney ou Nicole Kidman, como se eles precisassem desse aparato todo. Não precisam, mas a foto precisa, ou não teria o copyright Leibovitz.
Porém, antes da fase das superproduções, ela arrebatou o mundo com fotos jornalísticas dos Rolling Stones - agora estou falando da banda, não da revista - onde conseguiu flagrantes inacreditáveis dos músicos, em especial Mick Jagger. Como ela conseguiu desenvolver a técnica de, ao contrário do que veio a fazer depois, eliminar totalmente a pose e captar apenas a alma do fotografado, nua, ali diante da câmera?
Ela explica, no documentário, que para isso é preciso torna-se invisível. No caso dos Stones, insistiu em acompanhá-los numa excursão. Eles toparam, mas não se sentiam à vontade com ela por perto, e por isso ela passou a clicar. Ela estava tão integrada ao ambiente - quartos de hotel, bares, camarins - que ninguém mais a via, e foi então que os registrou como se eles estivessem a sós, sem ninguém olhando.
Está aí por que é tão difícil enxergar a alma de quem se acredita um megastar. Nossos olhos são como lentes para esse tipo de pessoa. Eles não se sentem a salvo em nossa presença e nem na de ninguém. E não se entregam.
Uma pena. Ficarão para sempre sem o registro da alma."

Martha Medeiros, coluna Ela Disse, Revista O Globo

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Game over


Eu posso errar o alvo, algumas vezes, mas de um modo ou de outro alguém sempre é atingido.


E no fim...eu sempre ganho algo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Alone



Eu estava acompanhada, andando na estrada assombrada
Dei as costas e perdi as minhas companhias
E o que era acompanhado tornou-se solitário

Eu estava dentro de uma gruta
Acendi um fosfóro para iluminar meu espaço
E num piscar de olhos alguém soprou a chama
E o que era luz tornou-se trevas

Eu tinha um sorriso esboçado no rosto
Eu o mantinha vivo em meus lábios todos os dias
Até que arracancarram minha alegria
E o que era colorido tornou-se cinéreo

Eu andava aquecida
Um vento gélido e súbito penetrou minha alma
E o que era fogo tornou-se um iceberg

Eu tinha esperaça
De que pessoas pudessem ser verdadeiras e amistosas
Até que veio um homem me provar o contrário
E a confiança tornou-se um pé atrás e a amizade...algo que nunca mais verei

Eu pensei que pessoas tinham sentimentos
E sentia que pessoas pensavam
Até que me provaram ao contrário
E o pensamento virou cálculo e o sentimento...pedra!

Deixei de sentir quando comecei a perder
Perdi meu coração e junto dele pessoas
Perdi meu tempo e junto dele um futuro
Perdi a vontade e junto dele o motivo.

O motivo de existir
O motivo de lutar por coisas que eu almejva
De pessoas que eu amava
E no fim das contas

Como se não bastasse ter perdido tudo...
Eu me vi ali, sozinha, com frio, vazia...e perdida.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Ensaio sobre coisas boas


...e numa galáxia não tão remota do tristonho planeta Terra... eis que encontro um consolo.

Aos poucos a tempestade repentina chega ao fim, não porque parou de chover, mas porque eu peguei um guarda-chuva. E como me disse o Gabriel García Márquez no melhor romance que já li: "à merda o leque que o tempo é de brisa!"... E assim vou indo, pela estrada a fora, sozinha...


Obrigada, Luciana, por me fazer feliz! Fico devendo a foto da cinelata...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pimenta nos olhos alheio...


A história é mais ou menos assim:


Você namora um cara...depois de um tempinho apresenta ele à sua melhor amiga, afinal, você a conhece há mais de 10 anos. É tudo muito legal e harmonioso, seu namorado se dando bem com sua amiga, nada muito profundo, você não pode desejar coisa melhor... Até que seu namoro termine e isso se torne uma novela ridícula.
O namoro acabou e do dia pra noite seu ex quer porque quer se tornar seu amigo, amigo da sua amiga, amigo do seu cachorro, amigo do seu cabeleireiro, etc. Tudo seria razoável se você não tivesse uma única amiga e essa única amiga não fosse A melhor amiga.
Ele pode realmente estar a fim de uma amizade...mas por que da sua única e melhor amiga? Será carência? Será vingança? Ou será um puro interesse de colher informações sobre sua vida?
A coisa que era saudável se torna psicose.
Você conversa com sua amiga, pede, quase implora para que ela não mantenha mais contato com ele, afinal não tem porra alguma a ver... Ela diz que tudo bem, que saiu com ele porque ele não tinha companhia, ele também diz isso, que só chamou ela por falta de companhia... Então tudo parece normal... Até que você sente que ainda há algo errado... Então ambos deixam de te contar as coisas e você tem de saber por meio de fuxicação no orkut alheio...
Eles acham que é neurose da sua parte, que você está fazendo tempestade em copo d'água e tudo o mais. Que não há mal nenhum... Se tornaram "best friends forever", se bobear até vão fazer uma tatuagem igual...afinal, há tanto em comum naquelas almas obscuras...já se tornaram melhores amigos de infância...e você? Ah, você é apenas um babaca fazendo tempestade em copo d'água, afinal seu ex namorado é um pobre de um coitado que não tem mais amigos e tem que ficar catando a sua única reles amizade...
Mas o que quero realmente saber: e se fosse com você?
Porque pimenta nos olhos dos outros é refresco. Eu realmente gostaria que eles se pusessem em meu lugar e imaginassem: a minha "amiga" se eu fosse como ela e me tornasse amiguinha de infância do ex dela (talvez seja difícil imaginar pois ela nunca namorou) e o meu pobrezinho ex...se eu saísse por aí implorando a amizade dos amigos dele. Como seria? Realmente seria exagero, neurose, tempestade em copo d´água? Ou a coisa mudaria de figura?
Mas sabe...isso passou. Eu superei a tristeza, a raiva, o desaponto...estou na fase mais cruel: a do descaso. Eu quero sair de cena, deixar que eles vivam essa doce amizade... E esqueçam a maluca aqui. Vão falar de arte, exposições, Clarice Lispector, HD's... Afinal, há tanto em comum!

domingo, 7 de setembro de 2008

Presentes














Livros, DVD's, postais, cartões, canetas tinteiros, vales presentes... Nada melhor, não é?