Como a vida é confusa, num instante os sentimentos mudam, o que era riso torna-se choro, o que era vivo transforma-se em matéria morta...
Hoje seria apenas um dia, um dia comum, até bom, eu diria, se não fosse o gato que encontrei no meio do caminho. Aliás, eu nem o encontrei, a minha irmã que berrou da janela do 3º andar para que eu andasse um pouco mais e visse a terrível cena que me deixou por minutos chocada.
O gato do Tuninho estava morto.
A primeira reação foi ficar estatalada, imóvel durante vários minutos pude observar bem o corpinho dele estendido no chão...se não fosse aquela poça de sangue se formou embaixo da cabeça dele, eu juraria que ele estava dormindo. Quando cai na real fui olhar ele de frente...deparei com grandes olhos azuis, cintilantes, vitrificados... Céus, que aperto no coração, que nó na garganta, que embrulho no estomâgo...uma sensação tão ruim. Meu peito se comprimiu de tamanha forma que comecei a chorar no meio da rua, chorar desvairadamente, soluçando como uma criança que perde a boneca... Queria mexer nele, mas não tive coragem!
Cheguei em casa aos prantos...a minha avó ficou hiper assustada, e até eu conseguir falar o que era...demorou, lágrimas, soluços, pensamentos...
Fiquei mais horrorizada ao chegar em casa e saber que o cádaver havia sido atropelado e que o cara ainda riu! Deus, que mundo é esse? Por que as pessoas são tão insensíveis? Tão frias? O ser humano é ridículo, patético! Um felino é capaz de amar com maior intensidade e com total sinceridade do que um humano!
Chorei feito criança pois ainda nutro bons sentimentos... Talvez o gato do Tuninho, pra muitos, foi apenas mais um gato que se foi, mas não pra mim.